
«Esperarei? O sepulcro será a minha morada, nas trevas prepararei o meu leito, direi à podridão: “Tu és o meu pai.” E aos vermes: “Vós sois a minha mãe e a minha irmã.” Onde está a minha esperança? Quem verá a minha felicidade? Descerão comigo ao sepulcro, e nos afundaremos, juntos, no pó» (Job 17, 13-16).
Por seu lado, Isaias declara: «Jazes sobre um leito de gusanos, e a tua coberta são os vermes» (14,11) e no salmo 114,17 diz-se: «Não são os mortos que louvam o Senhor, nem os descem ao sepulcro.»
Estes infernos assim tão negativos e que evocam sempre a condição do cadáver, talvez permitam perguntar se os hebreus acreditam em qualquer forma de sobrevivência. De facto, a condição do defunto revela-se muito próxima do nada, mergulhado no pó, imóvel, sem pensamentos, sem outra espécie de sensação, numa letargia definitiva, em coma eterno. E é essa mesma sorte que espera tanto os bons como os maus: nem julgamento, nem punição, nem recompensa. Como se verifica no Eclesiastes com uma amargura resignada:
«Existe um mal em tudo o que se faz sob o sol
Que é um destino idêntico para todos;
Por isso, o coração dos filhos de Adão está cheio de malícia,
A loucura está dentro do seu coração durante a vida,
E depois vai juntar-se ao número dos mortos.
Mas o que será preferível?
Para todos os vivos, existe uma coisa que é certa:
Um cão vivo vale mais que um leão morto.
Porque os vivos sabem que hão-se morrer,
Mas os mortos não sabem nada de nada.
Para eles, não há qualquer retribuição,
Porque de tudo se esqueceram.
Os amores, as raivas, os ciúmes já desapareceram,
E nunca mais terão do seu lado
Aquilo que fizeram sob o sol.» (9,3-6)
Se o mau é castigado, isso acontece nesta vida, como é aceite entre os babilónios: uma injustiça imanente, que lhe trás certas calamidades terrenas. Mas em seguida:
«Não haverá qualquer acção, nem balanço, nem sabedoria
Na morada dos mortos para onde serás levado.» (Ecl. 9,10).
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