Lamotrigina
A LTG (Lamotrigina) é um anticonvulsivante derivado da feniltriazina, indicado no tratamento associado de convulsões parciais com ou sem generalização secundária em adolescentes e adultos. Aparentemente, possui o mesmo efeito da OXC, de bloqueio dos canais de sódio e cálcio voltagem-sensíveis. Devido ao risco de rash cutâneo, em geral, 50 a 200 mg diários são suficientes. Quando o paciente faz uso do valproato, as doses iniciais devem ser reduzidas à metade e quando o paciente também toma CBZ, o esquema inicial deve ser dobrado. De modo geral, é bem tolerada pela maioria dos pacientes, entretanto, nas primeiras oito semanas, ela pode causar um rash cutâneo benigno em torno de 10% dos pacientes e rash grave em menos de 0,1%. Pode ser retirada e gradualmente re-introduzida nos casos benignos. Em casos raros pode ocorrer uma reação grave, como a síndrome de Stevens-Johnson. Efeitos colaterais podem incidir em 10% dos pacientes tratados, como insónia e cefaléia transitória; não causa ganho de peso e raramente tonturas, tremores, diplopia, ataxia, náuseas, vista turva e sonolência.
A LTG não afecta o metabolismo de outras drogas, mas substâncias que inibem o citocromo P450, fracção 3A4 (por ex., CBZ), reduzem os níveis séricos da LTG. O valproato inibe o metabolismo da LTG dobrando sua meia-vida e fenitoína, fenobarbital e primidona diminuem seus níveis plasmáticos em cerca de 40%.
Há poucos estudos controlados em mania. Num estudo pequeno, de quatro semanas de duração, 30 pacientes internados em mania foram randomizados para tomarem LTG ou lítio. As diferenças não foram significativas, provavelmente porque as doses de lítio eram baixas. O mesmo problema ocorreu em outro estudo controlado, comparando LTG, lítio e olanzapina em grupos de 15 pacientes, no qual foram encontradas diferenças significativas nas respostas terapêuticas.
Há dois estudos negativos não publicados até o momento. É o único anticonvulsivante superior ao placebo no tratamento da depressão bipolar. Em estudo duplo-cego, controlado com placebo, 195 bipolares de tipo I foram alocados para tomarem 50 mg ou 200 mg de LTG, ou placebo. Após sete semanas, 56%, 48% e 29%, respectivamente, tiveram resposta terapêutica. Foi significativamente mais eficaz que o placebo, sem elevar o risco de ciclagem para mania ou hipomania. A LTG foi superior (41%) ao placebo (26%) na profilaxia da ciclagem rápida em 324 pacientes bipolares de tipo I e II, randomizados para 100 a 300 mg/dia de LTG ou placebo, por seis meses. Dois estudos separados, controlados, prospectivos de 18 meses compararam lítio, LTG e placebo no tratamento de manutenção em bipolares de tipo I56-57 com depressão ou mania, hipomania ou estado misto. Nos pacientes, cujo último episódio foi de mania, hipomania ou estado misto, aqueles que tomaram lítio demoraram significativamente mais a desenvolver novos episódios e os do grupo da LTG mais para apresentar depressão.
Na profilaxia de pacientes, cujo último episódio foi depressivo, 463 bipolares estabilizados em monoterapia foram randomizados para cinco grupos: LTG 50 mg, 200 mg ou 400 mg; lítio (0.8 - 1.1 mEq/l) ou placebo.56-57 Os resultados foram semelhantes ao estudo anterior e não houve diferenças significativas entre LTG e lítio, levando em conta o tempo até uma intervenção terapêutica para controle de episódios maníacos ou depressivos.
No uso da LTG, encontrou-se um risco de malformações congénitas maiores de 3% em amostras de mais de 300 gestantes.45 Quando usada em associação com o valproato, esse risco subiu para 11,9%; assim sendo, não deve ser usada em gestantes e nem na amamentação, pelo risco de rash no lactente.
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