A Família do esquizofrénico
O doente esquizofrénico sofre intensamente com sua condição e sua família também, não há como isto ser evitado. Infelizmente os programas político-sociais de reinserção dos doentes mentais na sociedade simplesmente ignoram o sofrimento e as necessidades da família, que são enormes. Esta é vista como desestruturada, fria, indiferente ou mesmo hostil ao doente. Da mesma forma que o paciente esquizofrénico sofre duas vezes, pela doença e pelo preconceito, a família também sofre duas vezes, com a doença do filho e com a discriminação e incompreensão sociais.
Em países pobres como os de 3º mundo, a assistência à família do esquizofrénico tem que ser um programa governamental indispensável, para que se possa preservar o desempenho social (estudo, trabalho, profissão) dos parentes dos pacientes esquizofrénicos. O nível de recuperação que se tem com o tratamento da esquizofrenia é muito baixo; os irmãos saudáveis desses pacientes devem ser amparados para não terem suas vidas impedidas de se desenvolver por causa da esquizofrenia de um irmão.
A título de re-humanização do tratamento dos esquizofrénicos, pretende-se fechar os hospitais psiquiátricos deslocando-os para outros serviços que não incluem atendimento às necessidades dos parentes dos esquizofrénicos. Como está, este projecto não apenas piorará a situação do paciente, como também da sua família. Os problemas que geralmente ocorrem na família dos esquizofrénicos são os seguintes:
- Pesar... "Sentimos como se tivéssemos perdido o nosso filho"
- Ansiedade... "Temos medo de deixá-lo só ou de ferir seus sentimentos"
- Medo... "Ele poderá fazer mal a si mesmo ou a outras pessoas?"
- Vergonha e culpa... "Somos culpados disso? O que os outros pensarão?"
- Sentimento de isolamento... "Ninguém nos compreende"
- Amargura... "Por que isto acontece conosco?"
- Depressão... "Não consigo falar nisto sem chorar?"
- Negação da doença... "Isto não pode estar a acontecer na nossa família"
- Negação da gravidade... "Isto daqui a pouco passa"
- Culpa recíproca... "Não fosse por aquele seu parente esquisito..."
- Incapacidade de pensar ou falar de outra coisa que não seja a doença... "Toda nossa vida gira em torno do nosso filho doente"
- Problemas conjugais... "Minha relação com meu marido tornou-se fria, sinto-me morta por dentro"
- Separação... "Não aguento mais a minha mulher"
- Preocupação em mudar-se... "Talvez se nos mudarmos para outro lugar as coisas melhorem"
-Cansaço... "Envelheci duas vezes nos últimos anos"
- Esgotamento... "Sinto-me exausto, incapaz de fazer mais nada"
- Preocupação com o futuro... "O que acontecerá quando não estivermos presentes, o que será dele?"
- Uso excessivo de tranquilizantes ou álcool... "Hoje faço coisas que nunca tinha feito antes"
- Isolamento social... "As pessoas até nos procuram, mas não temos como fazer os programas que nos propõem"
- Constante busca de explicações... "Será que isso aconteceu por algo que fizemos com ele?"
- Individualização... "Não temos mais vida familiar"
- Ambivalência... "Nós o amamos, mas para ficar assim preferíamos que se morresse...
Sinais de boa recuperação
Tem sido observado que certos pacientes recuperam mais frequentemente do que outros.
Nesse grupo foi identificado um grupo de características que pode servir como parâmetro, referência para boa recuperação. Esses sintomas não servem como garantia, mas aumentam as chances dessas pessoas se recuperarem. Os sinais são os seguintes:
- Capacidade de sentir e expressar emoções (alegria, excitação, tristeza, desespero, etc.)
- Não apresentar sentimentos de grandiosidade.
- Apresentar alucinações (mais freqüentemente auditivas)
- Aparência de perplexidade no episódio agudo
- Não se isolar; não apresentar distúrbios do pensamento
- Idéias de perseguição e conduta de desconfiança também são sinais de bom prognóstico
Não há unanimidade quanto a estes sintomas, sempre haverá quem conteste a afirmação de que indicam bom prognóstico. Sintomas catatónicos (imobilidade ou excitação excessiva) e confusão mental apesar de aparentarem maior gravidade podem-se resolver mais rapidamente deixando a pessoa sem problemas.
Um sinal importante de boa recuperação é a idade de início, quanto mais tarde mais chances de recuperação.
A idade comum de início da esquizofrenia é o fim da adolescência e início da idade adulta podendo começar até aproximadamente 45 anos. Casos raros se dão após essa idade ou na infância.
As pessoas que sofreram traumatismos cranianos no nascimento ou ao longo da vida, assim como aquelas que sofreram infecções encefálicas.
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