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segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Filmes - Cannibal Holocaust

Considerado o filme mais polêmico de todos os tempos Cannibal Holocaust fez jus ao título logo na semana de estréia. Sob suspeitas de se tratar de um filme snuff, com cenas reais de morte, o diretor Ruggero Deodato foi detido e mantido preso até que conseguiu contatar os atores e apresentá-los vivos no tribunal.
 O filme conta a história de um grupo de documentaristas que viaja aos confins da Amazônia a fim de documentar a vida dos índios canibais. A missão é um fracasso e uma equipe chefiada pelo antropologista Harold Monroe é enviada para resgatá-los. Após vaguear pela selva na companhia de um guia, o formidável Dr. Monroe finalmente consegue recuperar todo o material filmado.
A película é precária, as actuações muito más. O actor mais conhecido é Robert Kerman, que antes de interpretar o Dr. Monroe fez uma respeitável carreira com mais de 100 filmes pornôs.

A despeito disso a obra chega aos infinitos níveis do formidável.
O realismo é contundente e perturbador.
Coisas que provavelmente vão perturbar:
  • Violação: perdi a conta do número de vaginas defloradas ? força no decorrer dos pouco mais de 90 minutos.
  • Vioalação "hardcore of doom" com um VIBRADOR de pedra, uma bola de terra com estilhaços de madeira seguido de morte por pedradas.
  • Mortes REAIS de animais: um quati, uma aranha, uma cobra, um macaco (que tem o cérebro comido), um porco e uma tartaruga são mortos, alguns deles com detalhes.
  • Nudez. Pode não ser uma coisa perturbadora por si só, mas lembro que estamos falando de índios velhos de picha murcha e índias cujas mamas tocam os joelhos.
  • Desmembramentos: braços são decepados, pernas arrancadas, membros comidos e caralhos retalhados.
  • Em uma cena uma índia grávida é amarrada enquanto dá à luz e o recém-nascido é enterrado na lama enquanto a mulher é apedrejada.
 A banda sonora do filme, composta por Riz Ortolani (que ganhou o Grammy pela trilha de Mondo Cane) é estupefaciente. Misturando diferentes estilos conta com faixas tensas e carregas de sintetizadores (Adulteress’ Punishement, Massacre of the Troupe, Savage Rite), comoventes (Crucified Woman) e, surpreendentemente, relaxantes (Drinking Coco, Cameramen’s Recreation).
O destaque, entretanto, é para a música tema do filme. Uma balada dos 70’s relaxante que é frequentemente usada como plano de fundo para cenas de antropofagia e desmembramento. Ouça-a aqui.
Por trás da fachada de filme "exploitation", no entanto, escondem-se alguns méritos reais. Cannibal Holocaust talvez tenha sido o primeiro filme a fazer uso extenso de mockumentaries, cenas gravadas para que parecessem reais, ideia que foi utilizada com sucesso por filmes como The Blair Witch, REC e Cloverfield.
A crítica social por trás da história é estridente. É um ataque directo à sociedade ocidental que se resume muito bem com a indagação final do Dr. Monroe: “I wonder who the real cannibals are”.

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