Especialistas advertem que psicofármacos só melhoram a ansiedade e a depressão se aliados a psicoterapias.
Para o maioria dos psicanalistas o consumo desenfreado de psicofármacos está mudando até o modo de se compreender o sofrimento. Os conflitos existenciais não fazem parte de uma sociedade em que as pessoas buscam apenas imagens de sucesso:
— O sofrimento hoje é um desvio, uma disfunção cerebral que deve ser corrigida com um medicamento.
A expectativa de solução desse “distúrbio” é imediata, a partir, da própria propaganda dos laboratórios que vendem produtos como drogas do bem-estar.
— Como a indústria precisa expandir a sua base de consumo, há uma tendência mesmo de uso experimental sem controlo
Os psicanalistas concordam que o consumo de psicofármacos é desenfreado porque, segundo eles, são fabricados desenfreadamente.
— O mal-estar do século passado era existencial. Hoje é a depressão, vista como vazio interno, que leva à compulsão, inclusive de calmantes.
Para os psiquiatras, a mania de calmantes não é um fenómeno urbano central, mas alarmante também em cidades e vilas do interior, uma autêntica praga
Pacientes querem apenas receitas de calmantes.
— O calmante é um alívio imediato, mas de nada adiantará se não for associado a um trabalho terapêutico.
As famílias pobres vivem desamparos insolúveis.
— A mulher que não sabe o que faz com o marido bêbado que maltrata os filhos e precisa, ao menos, dormir à noite.
Há os que recorrem às drogas apenas para dormir, um Dormonid ou Stilnox para dormir nos dias em que está excitado demais.
— Se eu passarem a noite acordados, fico simplesmente insuportáveis..
Muitas pessoas também recorrem ao Lexotan ou Bromalex para relaxar
Nos EUA as pílulas são vendidas em supermercados. Você toma e bumba: uma hora depois já estás dormindo. Se dormires, ficas lerdo. Depois de tomar um comprimido, ir à casa de banho, para mim, por exemplo, torna-se uma viagem longa e penosa.
Pesquisa comprova uso irracional de calmantes
Em qualquer farmácia se pode comprovar o alto consumo de psicofármacos, o campeão de vendas é o Lexotan, da Roche, ou o Frontal, da Pharmacia; Olcadyl, da Novartis; Lorax, da Wyeth.....etc, etc.....
Dos antidepressivos, o mais vendido é o Aropax, da Smithkline; depois vem o Zoloft, da Pfizer, e em terceiro o Prozac, da Lilly.
Segundo a OMS trata-se de “uso irracional” de psicotrópicos, segundo constatou pesquisa do Centro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, que analisou 108.215 milhares de receitas, das quais 42% não estavam preenchidas correctamente. Para os psiquiatras, o problema mais grave é o erro da prescrição, que agora é feita também por clínicos e endocrinologistas. Um calmante ministrado para um paciente com depressão, por exemplo, pode agravar a doença e até levá-lo ao suicídio.
Os efeitos colaterais:
TRANQUILIZANTES: São drogas chamadas de ansiolíticos e indicadas para os transtornos de ansiedade generalizada (TAG), que podem se agravar e levar à angústia e impedem, por exemplo, que a pessoa durma normalmente, segundo o psiquiatra Guilherme Toledo. Os mais comuns são Lexotan, Olcadyl, Frontal, Lorax, Diazepan e Rivotril. São medicamentos perigosos que podem levar à dependência não só psíquica, mas também física, o que torna muito difícil a interrupção do uso continuado. A venda (devia ser) controlada e a receita do médico que o receitou, com o nome do paciente, fica retida na farmácia.
ANTIDEPRESSIVOS: São os antidepressivos tradicionais, conhecidos como tricíclicos, entre eles o Triptanol, Anafranil e Tofranil. São vendidos com receita comum, mas produzem efeitos colaterais como tremores, taquicardias, secura da boca e tonteiras.
INIBIDORES: São os antidepressivos de última geração, conhecidos como inibidores seletivos da captação de serotonina pelo cérebro, entre eles o pioneiro Prozac, seguido de novas drogas como o Aropax, o Zoloft, o Efexor e o Remeron. São conhecidos como as novas drogas do bem-estar e têm a vantagem de não oferecer tantos efeitos colaterais quanto os tricíclicos. Não causam dependência física, apenas dependência psíquica. São vendidos nas farmácias com receituário comum
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