Ter comportamentos antissociais em algum momento não indica necessariamente um transtorno de personalidade anti-social (também conhecido como psicopatia ou sociopatia). Indivíduos anti-sociais frequentemente ignoram a possibilidade de estar afectando negativamente outras pessoas, por falta de empatia com o sofrimento de outras. Exemplos de comportamentos anti-sociais incluem desde de crimes sérios como homicídio, piromania, furto, vandalismo quanto infrações mais leves como críticas cruéis, sadismo, desrespeitar privacidade e dizer palavrões.
O termo anti-social também é aplicado no senso comum a pessoas com aversão ao convívio social, introvertidas, tímidas ou reservadas (que não é sinónimo do termo "anti-social" referente à psiquiatria), o mais correcto para estes casos de acordo com a psiquiatria é o termo misantropia). Clinicamente, anti-social aplica-se a atitudes contrárias e prejudiciais à sociedade, não a inibições ou preferências pessoais.
Causas
Segundo Sidman (1995), indivíduos anti-sociais aprendem a comportar-se dessa forma à medida que seus actos produzem como consequência a remoção ou a eliminação de eventos perturbadores, ameaçadores ou perigosos, de forma que ele consiga livrar-se, fugir, esquivar-se ou diminuir a frequência ou a intensidade de uma estimulação considerada negativa. Quando o agente punidor (geralmente os pais e o Estado) não estabelecem limites e consequências eficientes, consistentes e claros com aviso prévio para os comportamentos transgressores eles tendem a continuar. Estudos mostram que esses comportamentos vão-se agravando com a transição da infância para a adolescência de forma que agressividade excessiva na infância é um avaliador de agressividade na adolescência e associado positivamente ao uso de drogas e delinquência mesmo na idade adulta.
É provável que factores genéticos e neurológicos estejam envolvidos nesse comportamento
O comportamento anti-social pode ser sintoma de três psicopatologias em psiquiatria
- Transtorno de personalidade anti-social (apenas para maiores de 21 anos)
- Transtorno de conduta
- Transtorno desafiador de oposição
Esses comportamentos estão associados a prática do bullying, geralmente por adolescentes. Pessoas que foram vítima de comportamentos anti-sociais tem mais chance de repetirem tal comportamento em outros contextos. Num estudo com filhos em idade escolar de mães que sofriam com violência conjugal tinham 21% de exercer comportamentos anti-sociais.
Tratamento
Quanto mais jovem o paciente e menos graves os sintomas, maior a probabilidade do indivíduo se beneficiar de uma psicoterapia. Na terapia analítico-comportamental o foco do tratamento está em levar o indivíduo a discriminar as ameaças de punição a si mesmo no ambiente para comportamentos transgressores e os benefícios (reforços positivos) de seguir certas regras. Frequentemente é útil incluir a família no tratamento para um treino de assertividade, de comportamentos mais adaptativos e para que eles reforcem positivamente comportamentos mais adaptativos recorrendo o mínimo possível a punições físicas. A hospitalização pode ser necessária no caso de risco iminente para si mesmo ou para outros (especialmente risco de homicídio).
Tratamentos medicamentosos não tem sido muito eficazes para tratar os comportamentos anti-sociais em si, mas podem ser úteis para tratar comorbidades que desencadeiem esse comportamento como hiperatividade(43% dos casos), transtornos das emoções (ansiedade, depressão nervosa, obsessão-compulsão; em 33% dos casos), esquizofrenia paranóide (10%), transtorno de personalidade limítrofe (6%) entre outros.
A ideia de que a família desempenha um papel importante no desenvolvimento dos comportamentos anti-sociais e da delinquência juvenil não é nova. Numerosos estudos, ao longo das últimas décadas, têm efectivamente procurado identificar e compreender os factores da família que influenciam o aparecimento desses comportamentos e que, em consequência, podem ser integrados em programas de intervenção. No livro - Comportamento Anti-Social e Família - Uma Abordagem Científica - escrito por uma grande equipa de investigadores de diferentes universidades europeias e americanas, apresenta-se uma visão integrada desses trabalhos. Os seus 16 capítulos incidem sobre temas tão diversos como modelos teóricos, questões metodológicas, factores de risco genético e social, psicopatologias da família, vinculação, influência dos irmãos, trajectórias do desenvolvimento desviante, efeitos de divórcio e da monoparentalidade ou ainda diversos programas de prevenção e tratamento do comportamento anti-social. Pela vastidão e qualidade dos seus conteúdos, este livro constitui pois um documento indispensável para investigadores e técnicos interessados na problemática da psicopatologia infantil, da delinquência juvenil e da criminalidade adulta.
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