A vulgarmente chamada de erva, e também conhecida por variadíssimos nomes, como maconha, liamba, marijuana, etc, é uma das drogas usada há mais tempo pelo homem. Há registos de roupas e utensílios fabricados a partir da planta cannabis sativa datando de à 7000 anos atrás. Em 2008, foram descobertos dois quilos de marijuana num túmulo do deserto de Gobi, na China. Análises em laboratório constataram que a erva encontrada teria cerca de 2700 anos: a marijuana mais antiga do mundo! O componente ativo da maconha é o tetrahydrocannabinol (∆9-THC), que exerce seus efeitos através da ligação com os receptores canabinóides CB1 nos neuronios pré-sinápticos. Essa ligação activa proteínas G que activam ou inibem vários caminhos de transmissão de sinais. Essas proteínas G inibem directamente alguns canais de cálcio e sódio e inibem indirectamente outros canais de cálcio através da inibição da enzima adenilato ciclase. São activados canais de potássio e o caminho sinalizador da MAP quinase. Essas acções tem como efeito as sensações de euforia associadas ao uso da erva.
Alguns efeitos do uso de erva são: noção temporal alterada, olhos vermelhos, boca seca, fome intensa, risos involuntários, euforia, sono, perda de memória de curto prazo e de tarefas simples de aprendizagem – sensações subjectivas de confiança e aumento da criatividade não se refletem no desempenho real, dificuldades na coordenação motora, ausência de dor, catalepsia (retenção de posturas fixas fora do normal), broncodilatação, vasodilatação, redução da pressão intra-ocular. O uso prolongado e em grandes quantidades gera prejuízos nítidos nas habilidades interpessoais do indivíduo, afectando seu rendimento escolar ou académico, profissional e suas relações afectivas.
A marijuana têm vários usos medicinais: devido à ação expectorante do THC, pode ajudar pacientes com asma ou outros problemas respiratórios. O THC também tem entre seus efeitos a redução de náuseas e a famosa “larica”, uma fome intensa que aparece algum tempo após o uso; esses dois efeitos tornam a substância altamente benéfica para pacientes em estágios avançados de cancro, aliviando os efeitos da quimioterapia e da própria doença. Outras aplicações possíveis são: alívio de Síndrome do Stress Pós-Traumático (PTSD), Síndrome do Membro Fantasma, anorexia esclerose múltipla (alivio de dor e espasmos musculares).
Há vários outros tipos de canabinóides: canabidiol (precursor do THC presente na planta), canabinol, anandamida (canabinoide endógeno), 11-hidroxi-THC (metabólito mais ativo que o próprio THC e que contribui para o efeito farmacológico). Há uma outra classe de receptores canabinóides – CB2 – em células do sistema imune, controlando a migração celular e a liberação de citocinas. A sua importância como factor nos efeitos do THC e de outros canabinóides ainda não está totalmente clara.
A dependência psicológica, ocorre em certo grau com a erva, sendo porém insuficiente para classificá-la como verdadeiramente viciante. O THC é relativamente seguro em superdosagem, produzindo sonolência e confusão, mas não efeitos respiratórios ou cardiovasculares que ameacem a vida (logo, é mais seguro que a maioria das substancias passiveis de abuso). Reduz consideravelmente a testosterona plasmática (50%) e a contagem de espermatozóides em indivíduos que fumam 10 cigarros de erva ou mais por semana. Há indicações de ligação do uso da maconha na adelescencia com o aparecimento precoce e exacerbado de doenças mentais em indivíduos pré-psicóticos. Há estimativas de que eliminando-se o consumo da substancia entre jovens de menos de 15 anos, reduziriam-se em 8% os casos de esquizofrenia.
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