É considerada uma doença psiquiátrica cuja característica central é um delírio bem organizado! E geralmente com teor repetitivo. As ideias falsas persistem no tempo e são contraditórias às evidências da realidade, mas que não desorganizam completamente a personalidade e o funcionamento do indivíduo como na esquizofrenia. A paranóia também designa a mania da perseguição.
O tipo mais comum destes distúrbios mentais é o delírio paranóide em que o indivíduo se sente especialmente perseguido e ameaçado por outros – a terrível mania da perseguição que consome e destrói.
No paranóico um sistema delirante amplo e desfasado da realidade pode coincidir com áreas bem conservadas da personalidade, e do funcionamento social do sujeito, o que origina uma repercussão paranóica no funcionamento geral do indivíduo muito variável. O comportamento é bizarro e depende do âmbito mais ou menos restrito do sistema delirante, pois a atitude comportamental na sua generalidade é coerente com as suas convicções e suspeitas; por exemplo quando o delírio está ampliado abrangendo todos os familiares e colegas de trabalho, gerando-se no paranóico um conflito em que considera na generalidade que todos os indivíduos que o cercam o pretendem prejudicar, as suas atitudes de defesa ou de vingança tornam-se tão inadequadas e de extrema gravidade que conduzem a situações de extremas e graves deformações pessoais que podem prejudicar a sociedade que o cerca. Portanto no delírio paranóide o indivíduo sente-se perseguido e ameaçado por outros.
Outra característica do paranóico é o delírio da grandiosidade que confere ao indivíduo ideais megalómanos sobre o seu valor, capacidades ou conhecimentos. A megalomania faz parte do paranóico, a mania das grandezas, acredita e tem delírios imaginativos de grandeza social ou monetária de ter e poderes superiores, sempre numa auto-imagem do melhor, vivendo numa ansiedade e credibilidade de uma situação a todos os níveis superior que se não conseguiu irá conseguir, mesmo que seja económica e socialmente impossível! Posiciona-se socialmente sempre em altos valores materiais e até laborais, se os não tem acredita que tem todas as capacidades para os ter. A ânsia do ter e do poder são insaciáveis.
Outra característica é o delírio erotómano que faz com que o indivíduo se sinta profundamente desejado e amado por alguém de posição mais elevada e de facto muito distante. A erotomania, é outra manifestação que se expressa a vários níveis. É mais uma obsessão, a procura doentia dum amor ideal, especialmente do erotismo e da sexualidade. No entanto pode existir uma grande desconfiança em relação à sua capacidade amorosa, e a possibilidade do abandono da companheira ou companheiro, que se fazem sentir nitidamente nas formas de erotomania ligadas a certas representações muito precisas, como os fetiches, podendo chegar a fixações ou perversões, que já não implicam relação com qualquer parceiro amoroso.
Há ainda a referir o "delírio do ciúme" – os ciúmes mórbidos – preocupação exagerada, descabida e fora da realidade, com a infidelidade sexual do parceiro, ou mesmo a obsessão dum caso mais íntimo de amizade que se torna intolerável para o doente. Este é por via de regra um homem que tem a suspeita ou mesmo a convicção que a parceira tem um caso amoroso ou mesmo que está mais ligada afectivamente a alguém que a ele. Tem uma atitude de espionagem contínua, atento a qualquer variação no seu comportamento, procurando provas, geralmente falsas para a sua suspeita. Frequentemente pode recorrer à violência física ou à tortura psicológica. O ciúme mórbido, patológico é inerente à personalidade do doente paranóico, que revela traços depressivos, insegurança, baixa auto-estima, e sentimentos de inferioridade sexual; estes traços de personalidade, presentes desde sempre, podem tornar-se mais evidentes e patológicos quando associados ao alcoolismo ou a síndromas cerebrais orgânicos. Os ciúmes patológicos constituem uma causa frequente de violência conjugal, que pode chegar ao homicídio do parceiro, seguido ou não do suicídio do doente.
Temos a considerar alguns tipos de paranóia:
A Paranóia Crónica que pode resultar de lesões cerebrais, abuso de anfetaminas ou de álcool, esquizofrenia ou distúrbio maniaco-depressivo. Pode também manifestar-se em pessoas com "distúrbio paranóide da personalidade" que se caracteriza por indivíduos muito desconfiados e sensitivos, com uma aparência emocionalmente fria, mas são extremamente vulneráveis, que se melindram facilmente; criando um ambiente de contacto humano bastante desagradável.
A Paranóia Aguda – que pode aparecer em indivíduos já com distúrbios prévios da personalidade, com crises com uma duração inferior a seis meses. Sofrem de alterações radicais no seu meio ambiental, como imigrantes, refugiados, recrutas que entram no serviço militar, sobretudo os que foram vítimas de hiper-protecção familiar, ou jovens que saiem de casa pela 1ª vez, quando também a super-protecção imperou. Em tais indivíduos, devido a possuirem uma personalidade vulnerável, grande predisposição a intensos stresses vivenciais levam-nos a uma ruptura psicológica mais ou menos transitória.
Há também a considerar a Paranóia Partilhada, o delírio é partilhado por dois parceiros. Trata-se geralmente de um casal no qual um elemento dominante com distúrbio paranóide, incute e influência mentalmente as suas falsas crenças no parceiro mais fraco passivo e sugestionável. Habitualmente não existem outros sintomas de doença mental. No entanto habitam nos seus mecanismos psíquicos, a raiva, as desconfianças mórbidas, o isolamento social que vão marcando na continuidade do tempo uma crescente modificação comportamental no indivíduo que se vai tornando cada vez mais excêntrico, e tenta viver cada vez em maior isolamento social.
Os paranóicos raramente se vêem a si próprios como doentes e normalmente só aceitam tratar-se por convencimento insistente de parentes ou amigos. Não se consideram doentes e não se querem tratar. A pessoa não tem consciência do seu próprio estado, da sua própria enfermidade.
segunda-feira, 10 de maio de 2010
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