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quarta-feira, 19 de maio de 2010

As Bruxas e o simbolismo da bruxaria

Na Europa Ocidental dos séculos XIII a XVIII, a bruxa tornou-se um símbolo prevalecente do abuso dos poderes sobrenaturais. Até então, e na generalidade das sociedades primitivas, as bruxas eram receadas e suspeitas, mas os seus serviços eram frequentemente requisitados.
A bruxaria tornou-se uma ocupação perigosa quando as pessoas começaram a olhar para as bruxas não como agentes livres mas como servas de um Diabo poderoso. A invocação bíblica “não permitas a uma feiticeira viver” foi seguida literalmente por volta de 1692, quando dezanove bruxas “condenadas” foram enforcadas na colónia de Salem, na Baia de Massachussets. Enquanto as tradições de divindades plurais adaptavam deusas feiticeiras, como a Kali hindu, fazendo parte de uma ordem natural dualista, no cristianismo monoteísta Satanás era um erro da natureza, cujos seguidores tinham de ser queimados. Até ao apogeu da histérica caça ás bruxas, elas tornaram-se bodes expiatórios para calamidades naturais como más colheitas, para demências ou ideias inaceitáveis pela igreja como heresia e a luxúria feminina.
Horácio descreveu a necromancia romana envolvendo a matança de um cordeiro preto. Este simbolismo contrario é característico da maioria dos símbolos tradicionais de bruxaria. Incluem animais nocturnos (como os gatos pretos e as corujas), sapos; lobos ou raposas (no Japão); símbolos de luxúria parecidos com cabras; cobras; ervas venenosas; e ameaçadoras oferendas sacrificiais, como bebés mortos. Jung interpretou as bruxas como projecções da parte sombria da anima – o lado feminino da natureza humana.
A bruxa é uma figura essencialmente feminina e por isso, as pessoas podem achar que bruxaria tem mais haver com Wicca do que com qualquer coisa de satanismo moderno. Mas o tema foi até mesmo explorado por Anton LaVey, que inclusive dedicou um livro inteiro ao assunto. A bruxaria é  de fato, essencialmente feminina, mas algumas mulheres são também essencialmente satânicas. Como pode ser visto no Livro "The Satanic Witch" de Anton LaVey, a bruxa é um dos grande fetiches masculinos. Por isso, seguindo estereótipos que lhes foram impostos a primeira coisas que vem na cabeça dos homens é que toda bruxa satânica tem que ser uma mulher fatal. Uma messalina do sexo para que consegue cada vez mais homens ao seu redor, comportando-se como uma prostituta. Não que ela precise vender seu corpo, mas pode causar desejo insinuando-se em excesso para todos os homens e tirando vantagens disso. Grande erro. Os homens seriam afortunados se a mulher fatal fosse a única maneira que uma mulher tem de dominá-los.
Lilith, o arquétipo feminino da carne, de acordo com o folclore judaico foi a primeira mulher de Adão, que por sua vez ensinou a ele práticas de sexo não habituais, como o sexo oral, anal e outras formas que ignorando a reprodução estimulava apenas o prazer. Algumas pessoas, ou até mesmo satânicos, quando acabam de entender o arquétipo de Lilith, ao ler livros destinados a isto na literatura satânica, acham que a bruxa satânica, terá que se tornar uma nova Lilith. Ou seja, se tornar a devoradora de homens que terá que antes de tudo se tornar uma expert nas artes sexuais e se vulgarizar, para se tornar cada vez mais ser chamativa ao desejo carnal masculino. Mas a bruxaria satânica vai muito além disto, vai além do próprio arquétipo de Lilith. Na Bíblia Satânica LaVey escreveu:
Os três métodos pelos quais o comando do olhar pode ser talentoso e a utilização do sexo, sentimento ou admiração, ou qualquer combinação deles. Uma bruxa deve, honestamente, decidir em qual categoria ela mais naturalmente se encaixa.
A primeira categoria, a do sexo, e evidente. Se uma mulher e atrativa ou sexualmente encantadora, deveria fazer tudo no seu poder para tornar a si mesma o mais sedutora possível, desse modo usando sexo como a sua ferramenta mais poderosa. Uma vez que ela obteve a atenção do homem, pelo uso do seu apelo sexual, e livre para manipulá-lo conforme o seu desejo.
A segunda categoria e o sentimento. Normalmente mulheres idosas se encaixam nesta categoria. Poderia incluir a moça insignificante que tipifica a bruxa, que pode viver numa pequena cabana e ser considerada pelas pessoas como sendo bastante excêntrica. Crianças são normalmente encantadas pela fantasia que este tipo de bruxa prove e adultos jovens procuram-nos por seus conselhos considerados sábios. Através da sua inocência, crianças podem reconhecer seu poder mágico. Por se adaptar a imagem da doce, pequena e velha senhora próxima a porta, ela pode utilizar a arte do engodo para cumprir os seus objetivos.
A terceira categoria e o tema encantamento. Esta categoria se aplicaria a mulher que e estranha ou apavorante em sua aparência. Por fazer sua estranha aparência trabalhar para ela, pode manipular as pessoas simplesmente porque elas são temerosas das conseqüências de não fazerem o que ela pede.
Muitas mulheres se encaixam em mais do que uma destas categorias. Por exemplo, a jovem moça que tem uma aparência de inexperiência e inocência, mas ao mesmo tempo e muito sexy, combina sexo e sentimento. Ou a fêmea fatal que combina o apelo sexual com sinistra aparência pétrea, usa sexo e maravilha. Depois de avaliar suas qualidades, cada bruxa deve decidir em que categorias ou combinações de categorias ela se encaixa, e então utilizá-las da forma apropriada.
Assim, a bruxa satânica terá que procurar reforçar cada vez mais as qualidades que sejam proveitosas a ela. Nunca colocando a vulgaridade como única resposta e nunca descartando ela sem pensar primeiro.  É uma realidade psicológica que o homem quer na mulher, a amante e a mãe. É incontestável que uma mulher fatal é atraente, e que uma menina sem experiência nenhuma atrai muito também. Mas é muito mais atraente aquela que sabe usar os vários lados, e que, não dá chance do homem saber como ela se portará, atraindo-o pela surpresa.
Então a bruxaria satânica é a arte de manipular os homens? Sim, mas não somente isto.  A bruxa satânica atrairá os homens com seus dotes e conseguirá todos aqueles que ela quiser, mas muitas vezes sua a maior preocupação ao manipular um homem é simplesmente que ele continue ao seu lado, dando-lhe apoio e sendo companheiro.  Pois por trás de todos os papéis que usar e de todos os fetiches que estimular sempre existira o seu Self, seu Eu Superior. Sua essência mais pura.
A bruxa satânica é, portanto, antes de tudo uma mulher segura, que não terá vergonha de expor suas opiniões, seu desejo, seu corpo, seu ódio e seu amor sempre que achar necessário. Esta será sua forma de mostrar que dentro da mulher fatal, da guerreira ou da menina há também uma mente pensante que não poderia permitir que fosse vista somente como objeto, mas sim, como uma parte participante e importante de um relacionamento e de uma sociedade.

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