
Agora vivo num presente miserável e imundo pois tudo o que fui e tudo o que gostava ficaram lá, no passado, presos, e apenas consegui recuperar uma pontinha de cada um deles, é esse passado que me faz amar a morte e que suportou todas as minhas dores comigo, mas é também esse passado que faz falta quando sinto necessidade de pensar outras coisas, mas graças a todos isso tornou-se impossível, pois acabaram com o que restava dele quando de meu coração arrancaram a esperança de prosperidade que me restava.
É nesse passado que penso quando choro sozinho no canto que escolhi para morrer, é nesse passado que penso quando sinto falta que alguém me ame, é com esse passado perdido e acabado que sonho e tenho pesadelos quando durmo acordado e quando acordo a dormir...
É esse passado que oiço quando paro e oiço o silêncio, é esse passado que sinto, quando nenhum sentimento resta em mim, é esse passado que peço quando já ninguém me ouve mais, é esse passado que grito quando já estou morto...
Num passado que fugiu com medo de mim, num passado que trancaram numa caixa de sonhos e promessas que guardam só para alguns, e vivem com um presente que já não tem amor por mim, mas sim por outros, pois eu, estou morto!
Um verdadeiro presente, para mim, destruído por ilusões e desigualdades inacabáveis e sonham com ele a toda a hora e eu sei, pois disseram-me isso mesmo...
Sede de morte, tive e muitas vezes tenho, quando olho para trás e penso nesse passado que fecharam dentro dessa caixa de sonhos que têm escondida, e dor foi e ainda é o que sinto, embora não o diga pois é difícil para mim suportar o peso dum desgosto provocado!
Mataram-me, sim, sem piedade nem escrúpulos, e sim, não mudei, sou o mesmo de sempre, mas hoje estou aqui e falo com todos enquanto choram as lágrimas que nunca me viram chorar... Estou aqui e dedico-lhes um final de uma história sem fim...
Serei o vosso pior pesadelo quando estiverem a dormir, irei dizê-lo baixo, num sussurro de vento, que me mataram, que estou morto e caído, deitado, desvanecido no caixão negro onde me colocaram, para morrer sem sofrer mais...
E durmo, eternamente preso no vosso, no nosso passado destruído, e choro dormindo com eternas lembranças de um passado morto...
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