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quinta-feira, 11 de junho de 2009

Anatomia Humana

A anatomia é uma disciplina científica que se dedica à compreensão das estruturas dos organismos. A anatomia humana moderna baseia-se na dissecação e no exame de cadáveres para compreender a posição, as relações, a organização e a função das estruturas do corpo. Historicamente, os anatomistas dissecavam o corpo humano e faziam desenhos detalhados (frequentemente de corpos aos quais tinham sido retirada a pele, e de outros especímenes anatómicos), de modo a compreenderem melhor as suas estruturas. Os estudiosos e praticantes da disciplina relacionada, a medicina, dissecaram cadáveres, durante séculos, para desenvolverem o conhecimento sobre o funcionamento do corpo humano.
O termo «anatomia» deriva da palavra grega anatemneim que significa «incisão». Alguns dos primeiros textos sobre anatomia do corpo humano, todavia, não se baseavam na dissecação humana, mas na dissecação de animais. Por exemplo, uma das autoridades mais importantes nas questões da anatomia foi Galeno, um médico grego do século II, cujas ideias foram seguidas por toda a Europa até ao século XVI.
Até ao Renascimento, existia pouco interesse na dissecação de corpos humanos, e a maioria dos médicos limitava-se a usar os textos de Galeno.
As faculdades de anatomia começaram a estabelecer-se na Europa a partir do século XVI, tendo a primeira sido fundada em Itália. Em 1543, Andreas Vesalius, um médico flamengo, publicou a sua obra, De humani corporis fabrica libri septem («Os sete livros sobre a estrutura do corpo humano»). Ao contrário de Galeno, Vesalius baseou a publicação na sua própria experiência de dissecação de cadáveres humanos. Os seus textos constituíram um avanço relativamente ao texto de Galeno, que fora considerado até então a autoridade dominante no campo da anatomia. Vesalius já se tinha estabelecido na Universidade de Pádua como um cirurgião que apresentava dissecações de cadáveres em público, e foi a discrepância que ele encontrou entre as suas descobertas e as de Galeno que o levaram a perceber que a anatomia galénica se tinha baseado em exames de corpos de animais, como cães e porcos.
No século XVIII, o interesse pela dissecação anatómica cresceu, causando, consequentemente, um aumento na procura de cadáveres. Na Inglaterra do tempo de Henrique VIII, os únicos corpos que podiam ser usados legalmente para esse fim eram os dos criminosos executados, dos quais a lei permitia utilizar quatro por ano. No reinado de Carlos II, este número foi aumentado para seis e, em 1752, a lei foi emendada para passar a incluir todos os assassinos condenados, servindo assim de castigo post mortem em vez da exposição pública. Os familiares e amigos desses executados ficavam obviamente descontentes com essa punição última e competiam com os cirurgiões pelos corpos dos seus entes queridos. Os cirurgiões, por seu lado, subornavam os executores da pena, tendo em vista a obtenção dos corpos. Mesmo assim, a procura suplantava a oferta e deste facto resultou o roubo e a comercialização de cadáveres, práticas condenadas e temidas pela população em geral.
No Reino Unido, os odiados ladrões de cadáveres forneceram corpos frescos aos anatomistas até 1832, data em que se determinou uma nova forma legal de obtenção de cadáveres. Nesse ano foi promulgada uma lei, designada Warburton`s Anatomy Act, que pretendia acabar com o roubo de cadáveres, garantindo um fornecimento suficiente de corpos aos anatomistas. Esta lei permitia que os corpos não reclamados de vagabundos (que morriam nos hospitais ou em asilos) fossem entregues a cirurgiões e anatomistas para serem dissecados. Ao ser promulgada numa altura em que a dissecação era associada à punição por homicídio qualificado, esta legislação foi entendida como mais um castigo para a pobreza.
Embora o medo do roubo de cadáveres se tivesse reduzido substancialmente em resultado da promulgação desta lei, cresceu o medo de se morrer na miséria De facto, parece provável que esta legislação tenha contribuído para a criação e o êxito do chamado burial club movement , que consistia na pratica, entre os pobres, de pagar um pequeno montante semanal como seguro, para que, quando morresse um membro da família, esse dinheiro servisse como pagamento se um funeral «decente»

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